terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Atro Coração - uma livre adaptação intertextual sobre os limites do amor

“Atro Coração” foi escrito há dezoito anos, época que se pensou em sua primeira montagem. Tempos depois o texto se perdeu, sendo reencontrado apenas em 2009, oportunidade em que foi reescrito. Sua dramaturgia foi criada através de uma livre adaptação intertextual, tendo como referências “O Colecionador” – John Fowles, “Romeu e Julieta” e “Otelo” – Shakespeare, “A Lua na Sargeta” – David Goods e “Cenas de um casamento” – Ingmar Bergman, além de ser inspirada em outras obras que, de uma maneira ou outra, se relacionam com o tema da peça, o amor.



foto: Biga Appes

Refletir sobre o amor é uma tarefa tão necessária quanto difícil. Necessária, pois nos parece que cada átomo de nossas vidas anseia pelo amor, pelo encontro de almas e corpos, sonhos. Difícil porque amar é algo que nos revira o âmago e mostra-nos quem verdadeiramente somos. Mas o que é o amor? Um ideal, um instinto, uma ligação, um karma, uma reação química? Companheirismo, desejo, cumplicidade? Solidão? Não importa o que é o amor, o importante é o que fazemos com ele, quais caminhos seguimos e onde eles nos levam.

Márcio Barreto e Christiane Amici - foto: Adilson Félix

Luigi Morais e Ellis Lucas - foto: Márcio Barreto

Partindo dessa reflexão “Atro Coração” coloca dois personagens em uma situação limite: o rapto. Por um lado, o amor que leva à loucura, por outro, o amor que nasce do medo da morte, explorando um universo dividido entre sonho e realidade, onde se é levado para dentro de pensamentos e emoções conflitantes.

Christiane Amici foto: Biga Appes


Ellis Lucas - foto: Márcio Barreto

O objetivo dessa montagem é estimular a reflexão sobre os limites do amor, de como nos relacionamos e como interagimos pelas ficções emocionais.

entrelaçando diferentes linguagens artísticas, a montagem possibilita com que os limites entre palco e platéia ganhem novas dimensões, onde o público passa a perceber a peça pelo interior das personagens.

Cada elemento do presente trabalho tem uma ou mais linhas de interpretação.


Ellis Lucas e Luigi Morais - foto: Márcio Barreto

A dramaturgia está divida em dois planos distintos: o real e o mítico. O plano real é o texto em si, onde as ações acontecem e as personagens interagem. O plano mítico pode ser observado nos momentos que refletem as alucinações e os sonhos, alguns deles representados nas cenas do balcão de Romeu e Julieta. Eles aludem ao plano mítico da história onde Lilith, após ser expulsa do paraíso, apaixona-se pelo anjo Gabriel e começa a seduzi-lo em sonhos. Como punição, Deus os lança à terra em forma humana. Sem a memória de suas vidas passadas, vagueiam pelos dias atuais até se encontrarem; enquanto Lilith permanece no mais completo desprezo, Gabriel se apaixona imediata e perdidamente. O amor o enlouquece até que leva adiante seu derradeiro plano: seqüestrar o objeto de seu amor. Assim, temos o texto em si e uma espécie de ante-texto. O primeiro liga-nos ao real, ao consciente, e o segundo nos remete ao mítico, ao inconsciente.

Christiane Amici e Márcio Barreto - foto: Adilson Félix

Na interpretação procuramos criar uma divisão entre o plano real da peça e seu plano mítico através de linhas diferenciadas de atuação. No plano real atuamos numa linha de naturalidade, com gestos pequenos, próxima à linha de interpretação do cinema. Nas cenas que representam o plano mítico optamos por uma linha exageradamente teatral, com gestos amplos e profundos, carregados de dramaticidade. Acreditamos que o trabalho do ator é expressar através do que ele é o que suas personagens são, como um instrumento que o músico utiliza para se expressar. Dessa maneira, o distanciamento ganha nova interpretação, pois o ator não é a personagem que representa, porém deve trazer de sua memória, inteligência e sensibilidade os dados para lhe conferir verdade suficiente para que o público também a sinta.

foto: Biga Appes

A fotografia e o vídeo serão utilizados para mostrar as cenas que ocorreram e não constam na peça, bem como o cenário de cenas contextualizadas no presente e os pensamentos, as memórias e as emoções das personagens. Procura-se provocar uma imersão nas imagens que ora pulam da tela ao palco através dos atores, ora levam ao público as imagens mais profundas do “eu” das personagens.

foto: Biga Appes

Luigi Morais - foto: Márcio Barreto

Ellis Lucas - foto: Márcio Barreto

Do circo trazemos o trapézio e o tecido para ilustrar o mundo dos sonhos que remetem à vida passada das personagens.

A música - assinada pelo grupo experimental de música contemporânea caiçara "Percutindo Mundos" é responsável pela ambiência da peça, ora sendo executada ao vivo por músicos, ora pelas mãos do personagem Gabriel e ora em gravações.




Nossa intenção ao misturar diferentes linguagens artísticas é provocar um fazer teatral sinestésico e reflexivo.

Ficha Técnica

Dramaturgia e Direção: Márcio Barreto
Produção e Assistência de Direção: Adriane Almeida
Direção de Dança: Célia Faustino
Direção Musical: Percutindo Mundos
Fotografia: Adilson Félix, Biga Appes e Márcio Barreto
Vídeos: Márcio Barreto
Direção de Circo: Maíra de Souza
Elenco: Christiane Amici, Ellis Lucas, Luigi Morais, Márcio Barreto

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Literatura e Identidade - A Arte Contemporânea Caiçara - Café Rolidei - Santos /SP



A Arte Contemporânea Caiçara
Literatura e Identidade
Café Rolidei - Santos /SP


Um convite à reflexão sobre nossas ancestralidades e suas relações com o contemporâneo à partir da ressignificação da identidade cultural caiçara na literatura e na arte.

Oficina de literatura com Márcio Barreto

Nascido em Santos-SP em 1970, publicou na Internet os livros “Totem” (romance), “O Ser e o Pensamento” (filosofia). Publicou pela “Edições Caiçaras” “O Novo em Folha” (poesia). Pesquisador, músico e compositor é o fundador do grupo de música contemporânea caiçara “Percutindo Mundos”. É responsável pela realização do Sarau Caiçara – Pinacoteca Benedito Calixto – Santos /SP, Sarau Filosófico – SESC Santos /SP, Mostra De Arte Contemporânea Caiçara – Casa da Frontaria Azulejada – Santos /SP, Itinerâncias – Encontros Caiçaras – Paraty /RJ e Virada Caiçara – São Vicente /SP.

Espaço Rolidei
Av. Pinheiro Machado, 48 - 3° piso - Santos /SP
22/03 - 19 as 21 hs
Entrada Franca

Sarau Sereia Ca(n)tadora - Revista Babel - Ademir Demarchi - SESC Santos




Projetos como a Sereia Ca(n)tadora, a exemplo da Dulcianéia Catadora de São Paulo e de outros projetos editoriais da Améria Latina que trabalham com Associações de Catadores de Rua, possibilitam que a rica literatura contemporânea sobreviva e se expresse. Aliados à tecnologia, ao uso de materiais reciclados e ao artesanato, as edições primam pela originalidade de suas capas e pelo talento de seus escritores.

Editada por Ademir Demarchi - também editor da conceituada Revista Babel de poesia, a Sereia Ca(n)tadora é um selo editorial independente que traz ao público na próxima sexta-feira às 20h no SESC Santos escritores como Marcelo Ariel, Flávio Viegas Amoreira, Regina Alonso, Paulo de Toledo e Márcio Barreto que acaba de lançar o livro "O Novo em Folha" pela Edições Caiçaras, projeto inspirado na Sereia Ca(n)tadora.

Reunidos no "Sarau Sereia Ca(n)tadora" serão lançados com lançamento os livros de Marcelo Ariel (A morte de Herberto Helder e outros poemas), Paulo de Toledo (Hi-Kretos), Regina Alonso (Olho por olho) e de Ademir Demarchi (O amor é lindo) , feitos de forma artesanal, com capas pintadas uma a uma em papelão reciclado, de autoria dos poetas convidados em parceria com o Instituto Camará de São Vicente - ponto de cultura ligado à assintência à criança e ao adolescente.

Em seguida a essa apresentação, na segunda parte do sarau, os presentes poderão se inscrever para declamar seus poemas.

o Sarau Sereia Ca(n)tadora terá acompanhamento do grupo de música experimental Percutindo Mundos.


Sarau Sereia Ca(n)tadora
SESC Santos
25/02 - sexta
as 20 hs
Entranda Franca